Projetos sustentáveis de ontem e de hoje em duas exposições do MAM-SP

“Razão e Ambiente” e “Morada Ecológica” são as duas exposições que abrem ao público na quarta-feira (20/04) e seguem até 26 de junho no Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM, no Parque do Ibirapuera, unidas pelo tema da sustentabilidade na arquitetura.

Razão e Ambiente
O pioneirismo da arquitetura brasileira modernista na utilização de soluções ecológicas e seus desdobramentos na arquitetura sustentável de hoje são o tema da exposição, que tem curadoria de Lauro Cavalcanti.

São 21 obras contemporâneas, exibidas por meio de projeções, selecionadas por qualidades arquitetônicas que tratam a preocupação ecológica por diferentes aspectos. São homenageados três arquitetos modernos que abordaram questões ecológicas: Lucio Costa (1902-1998), Lina Bo Bardi (1914-1992) e Sergio Bernardes (1919-2002).

A preocupação sustentável da arquitetura modernista brasileira se faz comprovar na utilização de recursos que consideram as características específicas do meio-ambiente local, como o melhor aproveitamento da luz solar, com a criação dos “brises-soleil”, lâminas aplicadas às janelas, que abrem e fecham de acordo com a incidência do sol; a climatização não-artificial para minorar o calor tropical por meio de grandes vãos, de varandas e de aberturas estratégicas; e o uso de matérias-primas naturais locais, como palha, madeira e pedra.

Esses elementos são reapropriados e novas alternativas são criadas pelos arquitetos brasileiros da atualidade. Nomes como Rosa Kliass, Fernando Chacel, o escritório MMBB, Bernardes e Jacobsen, Flávia de Faria, Indio da Costa, Gustavo Penna e Anima Arquitetura propõem, entre outros projetos, a revitalização da região de um córrego em Paraisópolis (SP) e a integração de sua população com o espaço ao redor, como a rede de metrô; a sede de uma companhia mineradora com um jardim que mimetiza uma cratera de mineração recheada pela vegetação (RJ); a implementação do Parque da Juventude, permitindo que as plantas invadam e dominem carcaças de prédios que restaram da demolição do presídio do Carandiru (SP).

Morada Ecológica
Itinerância da Cité de l’Architecture & du Patrimoine, de Paris, com a curadoria da arquiteta e jornalista Dominique Gauzin-Muller, Morada Ecológica aborda as principais inovações da arquitetura contemporânea ao redor do mundo e a forma como a sustentabilidade vem influenciando a maneira de pensar as construções e desenvolvimento urbano na atualidade.

Na abertura (19/04, 18h), a curadora participará de uma mesa-redonda com o arquiteto Marcelo Aflalo na qual debatem os temas levantados pela exposição e pelo livro Arquitetura Ecológica (Editora Senac São Paulo), de autoria de Gauzin-Muller, que será lançado no evento, no Auditório Lina Bo Bardi, do MAM-SP.

A exposição traz mais de 50 projetos pioneiros de arquitetos de várias partes do globo para refletir sobre como a necessidade de preservação das já escassas reservas naturais vem alterando a maneira de pensar a arquitetura e o desenvolvimento urbano no século 21. No século 19, a Revolução Industrial transformou radicalmente a forma de morar, com a criação das cidades, que no século 20 foram moldadas pelas interrogações sociais. Hoje, a permanência das indagações econômicas e sociais se amplia na preocupação com a manutenção do meio-ambiente.

Os projetos e arquitetos são divididos em quatro módulos temáticos, exibidos com vídeos e diaporamas (slide-shows) veiculados em 24 monitores, textos explicativos e plantas em grandes painéis. No primeiro, figuram os Precursores do pensamento ecológico na arquitetura, como Frank Loyd Wright (EUA, 1868-1959) e sua casa-escritório-escola Taliesin (foto abaixo), no Wisconsin (EUA); Alvar Aalto (Finlândia, 1898-1976), Glenn Murcutt (Austrália, 1936); Hassan Fathy (Egito, 1900-1989) e o brasileiro José Zanine (Bahia, 1919-2001), pioneiro no pensamento de utilização sustentável das matérias-primas da Floresta Amazônica, que figura na mostra com o projeto da casa que realizou para a bailarina Marcia Haydée, em Itaipava, na serra fluminense.

Nos três módulos seguintes, Panorama internacional das práticas atuais, Contribuições sustentáveis à arquitetura francesa e Passando à ação, são mostrados os nomes e projetos contemporâneos em evidência no desenvolvimento de um novo conceito holístico de arquitetura sustentável, que leva em consideração o papel do indivíduo na sociedade, a preservação da natureza, os modos de produção e a criação de uma estética condizente com os novos desafios propostos pela consciência ambiental.

Serviço
De 20 de abril a 26 de junho de 2011
Razão e ambiente (Sala Paulo Figueiredo)
Morada ecológica (Grande Sala)
Museu de Arte Moderna de São Paulo
Parque do Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portão 3)
Tel. (11) 5085-1300
Terça a domingo, das 10h às 17h30 (com permanência até as 18h)
Ingresso: R$ 5,50
Sócios do MAM, crianças até 10 anos e adultos com mais de 65 anos não pagam entrada. Aos domingos, a entrada é franca para todo o público, durante todo o dia. Agendamento gratuito de visitas em grupo pelo tel. 5085-1313 e email educativo@mam.org.br
www.mam.org.br

Foto: Reprodução