Filme conta a história real de surfista aclamada mundialmente e que teve um braço arrancado por um tubarão

Em 31 de outubro de 2003, Bethany Hamilton, então com 13 anos, achou que esse seria apenas mais um dia comum: surfista quase profissional, ela dedicava boa parte de seu tempo para treinar e superar os seus próprios limites em cima de uma prancha. Nesse dia, ela foi para uma praia na costa norte de Kauai, ilha havaiana onde mora com a família, pegar umas ondas com sua melhor amiga, Alana Blanchard, e o pai e irmão dela.

Os quatro dominavam o mar. O surfe estava no sangue da família Hamilton, e, naquele momento, tudo corria em paz: as ondas vinham no tamanho ideal, o tempo estava ótimo e não passava pela cabeça de nenhum deles que algo ruim pudesse acontecer.

Do nada, um tubarão-tigre, de mais de 4 metros, surgiu e atacou Bethany, arrancando seu braço esquerdo. Do tempo do ataque até a entrada no centro cirúrgico, a moça perdeu mais de 60% do seu sangue e sofreu um trauma físico gigantesco, deixando médicos e familiares apreensivos sobre como ela reagiria com essa situação.

Diziam que a recuperação seria difícil. Mas, desde quando acordou, Bethanty mostrou atitudes positivas em relação ao seu novo estado físico. Tudo o que ela queria era voltar para o mar. E, conseguiu.

A garota havaiana superou todas as dificuldades que poderia ter – o medo de voltar para o mar, o modo como subiria na prancha, remaria e até se equilibraria – e, um mês após o acidente, já estava em cima de uma prancha novamente.

A história de Bethany Hamilton não é apenas uma daquelas coisas inspiradoras, mas é a paixão que uma surfista tem pelo mar, pelo elo que ela tem com o esporte e a água e pela coragem com que ela move a sua vida.

O filme Soul Surfer – Coragem de Viver (Soul Surfer, EUA, 2011) conta tudo isso e mostra um lado diferente para uma adolescente: sua forte conexão com a igreja e o trabalho voluntário; a sua competitividade apenas dentro d’água, sem nunca se esquecer do companheirismo e amizade; a conexão com a família; e, claro, a imensa força que ela tirava para viver de uma maneira normal depois do acidente.

Dirigido por Sean McNamara (que tem nesse o seu primeiro trabalho expressivo, depois de ter dirigido inúmeros episódios de séries e filmes lançados direto em vídeo), Soul Surfer tem sim uma série de defeitos, mas é a força da história da surfista que move todo o filme.

E, particularmente, acho que ele só daria certo com o carisma e força que AnnaSophia Robb imprime para o papel principal. Como Bethany, a gente sofre e torce por ela, e tudo porque a jovem atriz consegue construir uma personagem que cativa desde o começo com suas ações, dedicação e talento.

O grande destaque do filme fica, claro, para os cenários e as ótimas cenas de surfe e a belíssima trilha sonora de Marco Beltrami, que aproveita algum dialeto havaiano, unindo um piano melancólico com cordas e instrumentos de sopro épicos e que marcam as barreiras que ela enfrenta.

Bethany entende, a partir de uma tocante cena com um órfão tailandês e de quando ela volta e inúmeras pessoas ao redor do mundo se mostram inspiradas pela força da menina, que ela é obrigada a deixar de lado todas as barreiras e dificuldades e conseguir superar seus problemas ao mover sua fé com o amor dos outros. Ela não precisa da compaixão de ninguém e nem de facilidades – ela precisa é da força que as pessoas transmitem para ela ao vibrar com suas vitórias e conquistas antes da derrota.

É a partir daí que uma frase que ela fala no filme –O surfe não é a coisa mais importante da minha vida, mas o amor sim. Eu tive a chance de abraçar mais pessoas com um braço do que com dois – faz mais sentido.

Hoje, Bethany é uma surfista profissional e mundialmente premiada. Ela venceu inúmeras competições até 2010 – onde estava inclusive no rank das 20 melhores surfistas do mundo – e, este ano, foi agraciada com um World Surfing Awards da Associação Profissional dos Surfistas.